sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

e agora zé?

 não sei

mas o que eu quero mesmo
vai embora da minha semana
vai passando
bem devagar


o gosto do teu corpo nu
meu peito bate tão suspeito
que já vou indo
mas sem me apressar

eu sei

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

gosto dos dias que te encontro
perdida
entre canetas e papeis
Rimbaud, à frente, te ambiciona
te admira
inveja a tua lira
invertem-se os papeis

gosto dos dias cinza
o quarto escuro
cheiro que sobe
nestes dias de chuva
você toda - cheirosa

nestas horas mortas
encontro a silhueta
tua sombra
deus abre a porta
do para sempre


pro que der e vier
meu quarto escuro imerso
[ cheiro de flores ]
a fantosmia do teu verso

minha loucura

que aqui me nego
um pobre homem
eu digo “some!”

você entende o inverso

[saison d'été e de ti]

no princípio era o verbo
a palavra

era o verão,
saison d'été,
o prazer de ver
e você, bom dia

onde o dia avante
a noite vem
e é ouro de outro
- outono diamante

satisfação em mono
para não deixar
a vida no mute

sorriso, um brilho
mesmo sem lua,
sem gato,
jamais, de fato,
deixaremos noir

e eu aqui de canto
neste inverno
-sinuoso
um tanto de espanto
pra tanto prato
posto (à mesa)

agora a feira
de sexta em cestas
me faz lembrar oxalá

colhendo frutos
de cores amarelas

em quente primavera
súbito impulso
desejo imprimido
no peito

arde
o que à noite grita
no seio da tarde

um mar de amores
sol (sal) no meio de março

me (perco) afogo à deriva
em teus (há)* braços

20/03/15
de ti eu quero, tudo
barulhos, fúria, gemidos

de ti eu quero, o mundo
o amor

soluço infinito

me acorrenta à tua correnteza

correndo na certeza
de que um dia
por conta da natureza
da sua correnteza
irei te alcançar

no rio onde corro o risco
de um frouxo riso

me largo em amor e mar